quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Canção de Amor em Dez Andares - Richard Milward


Gosto de ler sobre personagens completamente disfuncionais mas, ao mesmo tempo, verosímeis. Pessoas a sério. Pessoas de carne e osso que procuram um dia de cada vez, como se cada amanhecer fosse um sopro de sorte, como se cada dia fosse o último dia das suas vidas sujas e banais.

Gosto de ler sobre os marginais e os fora-da-lei. Aqueles que bebem, aqueles que se drogam, aqueles que roubam, aqueles fazem tudo por tudo por ser politicamente incorrectos. Sempre foi assim e é assim em "Canção de Amor em Dez Andares".

Procurei e encontrei algo que vale a pena ler no meio do lixo, no meio da lixeira, no meio daquela pedreira de restos tóxicos junto a todos os prédios que conheço.

A vida, o quotidiano infernal e banal das estranhas, mas autênticas personagens num prédio comum, como o meu e o teu, onde Bobby, o Artista, completamente "frito", instável e neurótico pelos ácidos, tenta chegar ao topo da sua carreira como pintor.

A vida de Alan Blunt, "o coninhas", um pedófilo incorrígível, que não consegue deixar de rondar a escola primária local, trocando rebuçados por ataques de ansiedade.

A vida de Johnnie, um ladrão à antiga que quer deixar de ser um ladrão à antiga para seguir uma vida de amor, paixão e fulgor sexual com a sua namorada Ellen.

Encontrei neste romance de Richard Milward mais do que um sucessor digno de Irvine Welsh. Encontrei nesta obra o reinventar original do estilo literário punk.

Encontrei neste livro o belo e o sublime das nossas vidas vulgares. Não percam. Vale mesmo a pena. Uma comédia, uma tragédia, em pleno século XXI.

Nota: 4

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