Mostrar mensagens com a etiqueta Poetry Jam. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Poetry Jam. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 25 de março de 2015

Conto - MQ



Olhos curiosos de sabedoria
Sonhos em banho Maria
Certezas de Graça enfeitadas
Palavras enfeitiçadas

Jogámos ao era uma vez...
Adiámos todos os porquês
Encontrei-te na linha da vida
De verão tardio vestida

Trocámos segredos em palpitação
Voámos sem sequer sair do chão
Contámos as estrelas sem céu
Levantámos aos poucos o véu

Como planetas desalinhados em verso
Como se descobríssemos um novo universo
Como se já fosses tu antes de seres tu
Como um doce e perfeito deja vú

Já passamos por tantas vidas
E o Sol ainda brinca às escondidas
Ainda te desejo no meu leito
Ainda te sinto por perto....


Conto by MQ

sábado, 21 de março de 2015

O que sabemos do amor? - MQ



Lendo Carver no sofá
Perdido na rota da seda...
deixando os fantasmas entrar
....suave veludo encarnado

Se tu assim o quiseres
Visto-me de fato e gravata...
Vou contigo ao bailado
Comporto-me como um poeta

O que sabes tu do amor
Uma das dez pragas do Egipto
O que sabes tu da dor
Um dos dez mandamentos...

Se na rua por mim passares
Finge que não me conheces
Muda de passeio calçado
Desvia o olhar de criança

Se me vires dançar nu...
longe da linha do horizonte
Não venhas para cá morar
Deixa-me esmorecer no tempo

O que sabemos do amor? by MQ

quarta-feira, 5 de março de 2014

Travessia no deserto - MQ


Trago um Ulisses na alma
Complico o complicado
Desarranjo a desarranjada calma
Sou um Bloom desenraizado

À procura da afamada utopia
Sal e Moriarty num só
Pela estrada fora partia
Se quiseres pergunta ao pó

A um Deus desconhecido rezei
Vale de Nossa Senhora
Assentei estacas e esperei
Joseph Wayne foi-se embora

Oiço os sinos a chorar
Acordo de madrugada
Por quem os sinos dobram
Robert Jordan cai da montada


Travessia no deserto by MQ

Rio Memória - MQ


Tens o Tejo no olhos
Reflexo de vidas passadas
Rumo das descobertas
De mundos por conquistar

As tuas curvas são o Guadiana
Percorrem a fronteira do ser
Sem vontade de desaguar
Desejo de renascer

Os teus lábios são o Douro
Paralelos com os meus no caminho
O Sabor como afluente
Contentamento descontente

O teu peito é o Minho
Entre a nascente e a foz
A Ilha dos Amores

Vives nas margens do Mondego
Um destino infinito
Um caminho sem fim


Rio Memória by MQ


Doença - MQ



Momentos como pontes

A outra margem

Do passado para o futuro
Sem passar pelo presente

Passadeiras aérias
Areias movediças

Plantas trepadeiras
Ponto e virgula

Restos de civilização
No meio da confusão

Princípios e fins
Pendurados entre jardins

Verde sem esperança
Olhos de criança

Campos cheios de nada


Doença by MQ

Noites - MQ


Em direção ao vazio
O único caminho que estes homens conhecem
Viver com medo de morrer
Morrer com medo de viver
O ir e vir das rotinas
Os amores e desamores
As madrugadas e os amanheceres
A procura da igualdade
A limitação de ser humano
A Moral sem moral alguma
As verdades mentirosas
A ida para o trabalho
O regresso a casa
O cansaço do corpo
A procura de companhia
A carne
Uma bebida fria
Uma rodela de limão
Um café quente
O amargo de boca
Os cigarros que ardem
As histórias de outras vidas
Os pés gelados por baixo dos cobertores
O sono que não vem
Os homens do lixo
O ruído
O ruído
As vozes alheias
Os cães a ladrar
A uivar
A ganir
As portas a fechar
Uma cadeira a arrastar
Os passos pesados
Os passos inquietos
A mesma história de sempre...
Caos
Os olhos húmidos
As pestanas a cerrar
Silêncio e paz
Um bocejo de nada
A mesma história de sempre...
Morfeu


Noites by MQ

Enquanto dormias - MQ


Enquanto dormias
Abrias a asas
Voavas para longe
Para lá do eterno
Para além do além

No teu leito, alquimia
Quedas de água doce
Céus azuis
Estrelas cadentes
Nobres açucenas

Entre as tuas pernas
Laranjeiras em flor
Borboletas de seda
Uma chama que chama
Um perpétuo jardim

No teu abraço
Flor de cerejeira
O presente presente
Viver sem fronteiras
Um principio sem fim


Enquanto dormias by MQ

Sábado - MQ


Sábado,
Manhã,
Inicio de tarde,
Mozart e nicotina
Alquimia e cafeina
Literatura e partituras
Ideias obscuras
Preguiça almofadada
O doce fazer nada
Começa o fim de semana
Pequeno almoço na cama


Sábado by MQ

Providência - MQ


Fazes-me tremer por dentro
Perco-me em ti no tempo
O teu olhar de criança
O teu passo de dança
A tua boca é seda
Os teus lábios são sede
Nos teus olhos quero morar
Fazer deles o meu lar
Esse sinal é um verso
Um planeta no universo
Essa elegância eloquente
Faz-me esquecer o presente
Ainda sinto a tua crina
O teu toque fascina
Os teus dedos dos pés
Os teus ávidos porquês
O teu peito é proteção
Bem junto ao medalhão
O significado da Lua
Descobri quando te vi nua
Fazes-me tremer por dentro
Perco-me em ti no tempo
O teu corpo inocente
Faz de mim um crente


Providência by MQ


Fim - MQ


No espelho as razões que não sei explicar

Uma vida ansiosa por viver
Pressa presa pelo medo de morrer
De forma dramática padecer
A uma vida errática sobreviver

A ansiedade, essa madrasta
Deliciosa e filosófica varrasca
Deixa-me da mão ó susto perfumado
Deixai-me viver embriagado

Uma dor no peito, doce azia
Abrir os olhos para respirar outro dia
Um compasso de espera infinita
O desejo de uma morte tão bonita

Um pensamento profundo varre-me o universo
Uma dura memória em forma de verso
Uma estória de encantar mal contada
Uma porta entreaberta, escancarada

Um poema que me desarranja as entranhas


Fim by MQ

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Soberbo - MQ

Por toda água que corre sem rios ou mares
Por todos os soldados que partem para a guerra
Por todo o dinheiro do Mundo,
Era capaz de sonhar, de amar, de voar, de vencer
 
Por todos os beijos, carinhos e abraços
Por todas as palavras faladas, escritas ou gritadas
Por todo o sol que nos aquece,
Era capaz de viajar, de navegar, de descobrir
 
Por toda a ironia e segredos da vida
Por todos os caminhos, cidades barulhentas e campos em flor
Por toda a fama e glória
Era capaz de fugir, escapar ou enfrentar o touro pelos cornos
 
Por todas a mentiras nunca antes inventadas
Por todas as verdades, legiões ou religiões
Por todo o transito a caminho de casa
Era capaz de pegar em mim e dormir até amanhã
 
Sou capaz de me levantar da cama, do chão, bem cedo
Ir gritar para outra freguesia, ir amar outra mulher
Sou capaz de me deixar dominar pelo medo de falhar
Ir sonhar outros sonhos de menino, outras mentiras
 
Sou capaz de desistir ou talvez não, esperar pelo amanhã
Ir desta para melhor, ou pior, nunca ninguém me explicou
Sou capaz de acabar e começar de novo, ou simplesmente nem recomeçar
Ir até onde só vão os que têm coragem de deixar tudo em desassossego



Soberbo by MQ

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Uma noite de Verão (ou talvez Inverno) - MQ

Foi-se o orgulho em forma de desenho, vestido de poema
Perdeu-se a liberdade, essa louca mentirosa que até já mete pena
Desistiu o dia que demorou a chegar, rasgado e amordaçado da sua essência
Fugiu e não valeu a pena o tempo, nem a vergonha, muito menos a paciência
 
Farto de escrever sobre as portas que estavam fechadas o poeta chorou
Louco e desesperado correu sem destino, o futuro que para trás ficou
Sentiu o fim nas veias, no peito manchado de erros desertos de certeza
De joelhos rezou por um novo principio, por algo auspicioso banhado de beleza
 
Foi-se o abstrato apaixonado pelos fantasmas embriagados de razão
Perdeu-se a dignidade, cedeu sem ter vontade, ruiu sem ter tesão
Desistiu de ser nobre, essa mentira coroada de espinhos
Fugiu pelas ruas à procura do fim, sem horizonte, por infinitos caminhos
 
Aquela melodia do vazio entranhou-se no mais fundo profundo
Nada mais existia a não ser o som e o ruído infernal do abismo do mundo
Acordou sem sentidos e aos poucos e poucos recuperou a consciência
Foi tudo um sonho mau ou bom, não sabia ajuizar, talvez seja demência
 
Da posição fetal passou a estar sentado, numa rapidez sobre-humana
Custava-lhe raciocinar, os vapores do sonho, a ansiedade insana
Levantou-se devagar sobre os pés, o cérebro e as pernas em estado dormente
Procurou a luz, finalmente alguma cor real, voltar ao estado inocente
 
Aqueles primeiros passos simples mas incertos, desesperadamente errantes
Com a luminosidade artificial tudo ficou pior, estupidamente sufocantes
De novo a escuridão, por favor, urgente como um copo cheio
Tentar adormecer, em esforço, a rezar baixinho, um sonho que ficou a meio
 
 
Uma noite de Verão (ou talvez Inverno) by MQ

sábado, 23 de março de 2013

Primavera - MQ

 
Sentado no jardim, junto à estrada, espero a Primavera
Espero pelo que não sei e nem quero adivinhar
Escondo o rosto com a palma das mãos e respiro fundo como quem desespera
Faltas-me tanto, falta-me a vida, falta-me o ar
 
Uma saudade de ser menino, das velhas canções de amor
Dos serões passados em abraços espinhosos e lágrimas ao partir
Dos sonhos inquietos, das noites mal passadas de calor
Do teu leito assombrado de ansiedade, do medo de cair
 
Tenho uma vontade imensa de fugir, com fulgor, em direcção ao vazio
Queria perder-me novamente no eco do teu abraço
Desejo tanto partir de novo em busca do caminho, uma montanha, talvez um rio
Queria perder-me novamente na pureza do teu regaço
 
Sentado no jardim, junto à estrada, espero e quase adormeço
Vou seguindo a vida com os olhos como quem vê passar um navio
Já não me recordo quem fui, desta vida me despeço
Vou percorrendo a estrada, fumo um cigarro, visto o casaco, tenho frio


Primavera by MQ

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Casta Sinceridade - MQ

Ás vezes a sinceridade é uma mentirosa, apesar de formosa
É uma libertina, uma vadia, uma flor espinhosa
Ás vezes não quer nada com a verdade, quer dançar e fugir para longe
Perde-se pelas noites de luxúria, como a de ontem, como a de hoje

Certo dia a sinceridade fugiu de mão dada com a crueldade
Casaram-se e tiveram uma ninhada de filhos perfeitos de vaidade
Viveram para sempre numa casa de madeira à beira praia
Uma casta existência, tão branca que cega, tão pura como água

Partiu com um sorriso nos lábios doces e com o longo cabelo molhado de encanto
Lágrimas frias do Inverno ainda criança, escondendo o rosto embaraçado num pranto

Fechou-me todas a portas, uma esperança alarve e cínica de menino
Derrubou-me os muros do futuro e antecipou-me o destino

A luz da Grande Lua desapareceu para o parapeito da tua janela
Apagou-se ao tentar sobreviver para além dela, ao tentar esquecê-la

A verdade foi com ela também, deixando-me louco, deixando-me no eco sem fé

Depois, veio o vazio e a festa até…



Casta Sinceridade by MQ

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Wish you were here - Pink Floyd

So, so you think you can tell
Heaven from Hell,
Blue sky's from pain.
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?

And did they get you to trade
Your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees?
Hot air for a cool breeze?
Cold comfort for change?
And did you exchange
A walk on part in the war
For a lead role in a cage?

How I wish, how I wish you were here.
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl,
Year after year,
Running over the same old ground.
And how we found
The same old fears.
Wish you were here.

by David Gilmour & Roger Waters

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Bowery Blues - Jack Kerouac

The story of man
Makes me sick
Inside, outside,
I don't know why
Something so conditional
And all talk
Should hurt me so.

I am hurt
I am scared
I want to live
I want to die
I don't know
Where to turn
In the Void
And when
To cut
Out

For no Church told me
No Guru holds me
No advice
Just stone
Of New York
And on the cafeteria
We hear
The saxophone
O dead Ruby
Died of Shot
In Thirty Two,
Sounding like old times
And de bombed
Empty decapitated
Murder by the clock.

And I see Shadows
Dancing into Doom
In love, holding
TIght the lovely asses
Of the little girls
In love with sex
Showing themselves
In white undergarments
At elevated windows
Hoping for the Worst.

I can't take it
Anymore
If I can't hold
My little behind
To me in my room

Then it's goodbye
Sangsara
For me
Besides
Girls aren't as good
As they look
And Samadhi
Is better
Than you think
When it starts in
Hitting your head
In with Buzz
Of glittergold
Heaven's Angels
Wailing

Saying

We've been waiting for you
Since Morning, Jack
Why were you so long
Dallying in the sooty room?
This transcendental Brilliance
Is the better part
(of Nothingness
I sing)

Okay.
Quit.
Mad.
Stop.

"Bowery Blues" by Jack Kerouac

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Metade - Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão...

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.



"Metade" By Oswaldo Montenegro

Obrigado Miguel

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Miracles - Walt Whitman

WHY! who makes much of a miracle?
As to me, I know of nothing else but miracles,
Whether I walk the streets of Manhattan,
Or dart my sight over the roofs of houses toward the sky,
Or wade with naked feet along the beach, just in the edge of the
water,
Or stand under trees in the woods,
Or talk by day with any one I love--or sleep in the bed at night with
any one I love,
Or sit at table at dinner with my mother,
Or look at strangers opposite me riding in the car,
Or watch honey-bees busy around the hive, of a summer forenoon,
Or animals feeding in the fields,
Or birds--or the wonderfulness of insects in the air,
Or the wonderfulness of the sun-down--or of stars shining so quiet
and bright,
Or the exquisite, delicate, thin curve of the new moon in spring;
Or whether I go among those I like best, and that like me best--
mechanics, boatmen, farmers,
Or among the savans--or to the soiree--or to the opera,
Or stand a long while looking at the movements of machinery,
Or behold children at their sports,
Or the admirable sight of the perfect old man, or the perfect old
woman,
Or the sick in hospitals, or the dead carried to burial,
Or my own eyes and figure in the glass;
These, with the rest, one and all, are to me miracles,
The whole referring--yet each distinct, and in its place.

To me, every hour of the light and dark is a miracle,
Every cubic inch of space is a miracle,
Every square yard of the surface of the earth is spread with the
same,
Every foot of the interior swarms with the same;
Every spear of grass--the frames, limbs, organs, of men and women,
and all that concerns them,
All these to me are unspeakably perfect miracles.

To me the sea is a continual miracle;
The fishes that swim--the rocks--the motion of the waves--the ships,
with men in them,
What stranger miracles are there?



Miracles by Walt Whitman

domingo, 9 de dezembro de 2012

Sinfonia em Novembro - MQ

E a noite encerrou num abraço com a Lua
Mais nua que uma folha no Outono
Tão fria como o Inverno a Leste
Distante como aquela prisão em Porth Arthur
Tão vazia como uma garrafa no final do jantar
Errante como o quixotesco moinho de vento

Chegou a madrugada montada no seu puro sangue
A galope, como se o mundo terminasse amanhã
Parou, estancou como uma hemorragia de vinho
Olhou-me nos olhos fixamente como se me achasse culpado
Fitou-me de fio a pavio mas nem uma palavra proferiu
Voltou-me as costas e partiu como chegou, perto do horizonte

Numa pressa repentina fiquei só, simplesmente singular
Sem a noite ou a madrugada ou um copo para me agarrar
Ainda acendi um cigarro na esperança de companhia
Fui caminhando na estrada da nossa rua
Sem destino certo, pela estrada fora como o livro do Kerouac
Escrevendo na corrente, com os sentidos despertos

Andei, Andei, comigo próprio dialoguei
Perdi-me numa ruela qualquer, voltei atrás e encontrei o caminho
Nunca me cansei, sem norte, nunca fiquei saciado
Procurei o rio, procurei-o como quem tem sede
Encontrei-o sozinho, de olhos bem abertos

Por entre as nuvens de Novembro encontrei o nascer do Sol
Senti o ridículo do lugar comum
Como se fosse um poema de livro de bolso
Sorri e acendei um cigarro meio húmido da escuridão
Sentei-me no porão, tremendo como uma mulher em ebulição

Enquanto soprava e expirava o fumo para o futuro levantei a cabeça,
O dia queria nascer sob um temporal cínico que se avizinhava
Os raios iam abrindo as asas como verdades por revelar
Explodiam no espaço e no tempo como memórias de amores passados
Tímido este amanhecer, pensei enquanto sorria

Tímido mas real, real como a dor e como o amor
Escuro e frágil como um recém-nascido mesmo antes de chorar
Senti-me bem, respirei fundo, arrepiei-me com esta esperança
Mais um dia após o de ontem, a Terra continuou a girar
Procurei o calor, voltei as costas ao sol e caminhei

Para casa...


Sinfonia em Novembro by MQ

sábado, 8 de dezembro de 2012

21 - Gertrude Stein

21

I love my love with a v
Because it is like that
I love my love with a b
Because I am beside that
A king.
I love my love with an a
Because she is a queen
I love my love and a a is the best of them
Think well and be a king,
Think more and think again
I love my love with a dress and a hat
I love my love and not with this or with that
I love my love with a y because she is my bride
I love her with a d because she is my love beside
Thank you for being there
Nobody has to care
Thank you for being here
Because you are not there.

And with and without me which is and without she she can be late and then and how and all around we think and found that it is time to cry she and I.


21 by Gertrude Stein