Mostrar mensagens com a etiqueta João Tordo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta João Tordo. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O Ano Sabático – João Tordo

João Tordo em 2013 regressa em grande forma. Um romance que o faz regressar ao seu estilo único que lhe valeu no passado a honra do prémio Saramago (2009).

“O Ano Sabático” é um livro fabuloso com uma história estimulante e bem contada. Um circulo imperfeito, tal e qual como a vida.
 
João Tordo debruça-se sobre a procura incessante da essência humana e brilha como brilhou com as “3 Vidas” ou “Hotel Memória”.  A solidão e a obsessão como forma de nos encontrarmos como homens, como seres mortais e imperfeitos.

Os caminhos de Hugo e Luís Stockman cruzam-se no início e no fim das suas vidas e assombram-nos com a sinceridade bizarra das suas existências. O absurdo está sempre presente como um presente do deuses  e, tal como um dia o grande Vergílio Ferreira sublinhou por outras palavras, difíceis de citar ou proferir, se a vida humana não fosse absurda não era humana.

A maturidade deste jovem escritor é assustadora, assim como o seu poder de criação. De um momento para o outro (re)criou um estilo que estava ausente no panorama literário português e agora parte em busca do sucesso inigualável.

Muitos sublinhavam o seu talento na criação de enredos e personagens (brilhante, a meu ver, neste último romance) e ao mesmo tempo criticavam-no por ter uma escrita juvenil, de construção demasiado rudimentar, excessivamentee adolescente para se tornar Grande. A esses críticos cínicos e cépticos apresento o “O Ano Sabático”.

Para os amantes de bons livros.

Nota 5


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O Bom Inverno - João Tordo


O Bom Inverno conta-nos a história de um jovem coxo e talentoso escritor que, após uma curta viagem a Budapeste, para um encontro entre escritores, conhece e trava amizade com um jovem italiano, Vincenzo Gentile, que o convida a passar uma temporada numa casa do lago em Sabaudia, Itália.

É a partir desta viagem que a nossa personagem (também narrador), completamente isolado do seu e do nosso mundo, vai conhecer personagens misteriosas e pouco ortodoxas, retiradas de um Filme de David Lynch.

Só para citar alguns: um excêntrico produtor de cinema, Don Metzger, com um estranho gosto por balões de ar quente; Andrés Bosco, um catalão, encorpado e sinistro, que constrói ele próprio os balões de Mezger; Elsa Gorski, uma atriz famosa, tipo femme fatale, sensual e perigosa. Muitas, mas muitas mais personagens que tornam a teia complexa e distinta.

Tudo começa com a morte do anfitrião, Metzger e, a partir daí, um clima de suspeição e um nevoeiro de dúvida caem sobre a casa do lago e estragam a festa.. Quem é o assassino? A história vai-se revelando em direcção à verdade.

Um grande romance, de um jovem escritor português, com cartas dadas e um lugar de destaque no panorama literário português.

Nota: 4

terça-feira, 2 de outubro de 2012

As Três Vidas - João Tordo



João Tordo transformou-se, com este livro, num dos meus escritores preferidos. Vencedor merecido do prémio Saramago, este jovem autor cria um clima de escrita único com uma teia misteriosa e cativante.

A escolha de uma personagem solitária, isolada, com voz de narrador, é própria deste autor que, tal como Paul Auster, aprofunda desta forma a identidade humana e aproxima os leitores da personagem principal.

Em "As Três Vidas", o narrador (personagem principal) é convidado para fazer um trabalho misterioso para António Millhouse Pascal, exilado numa casa no Alentejo, bebendo da companhia dos seus três netos e de labirínticos e misteriosos momentos.

A aventura começa aqui e, após a visita de estranhas personagens, a descoberta dos segredos do enigmático Millhouse Pascal e a paixão por Camila, a neta mais velha do seu patrão, levam o narrador a percorrer um caminho de descoberta, de destino incerto, do Alentejo a Nova Iorque.

O talento criativo de João Tordo em todo o seu esplendor. O seu melhor romance. Apaixonante.

Nota: 5

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Anatomia dos Mártires - João Tordo


Num cenário de infeliz falta de pontos de referência sociais e ideológicos, de falta de heróis, ícones culturais e sociais, um jovem jornalista ambicioso tenta entender a verdade e a motivação escondida nas memórias do um mártir de uma ditadura de quase cinquenta anos.

Durante esta sua senda escreve um artigo polémico, que após a sua publicação tem resultados desastrosos para sua vida.

Nesta "Anatomia dos Mártires" é explorado até mais não o mito de Catarina Eufémia, o consequente aproveitamento partidário de um mártir da história de Portugal, durante o Estado Novo.
Não consigo entender como este é considerado o melhor romance de João Tordo!

É um facto que a sua escrita é mais madura, mas isso é pouco, muito pouco. Na minha singela opinião é o pior romance do autor e é um castigo demasiado grande ler este livro depois de ler "Hotel Memória", "3 vidas" ou mesmo "Bom Inverno".

Compreendo o contexto da obra e do autor, mas um jornalista obcecado por um mito ideológico que limita a sua vida pessoal e profissional até à exaustão é, enfim, há falta de melhor adjectivo, exaustivo.

O tema dos mitos e dos mártires e o aproveitamento político e social que é feito dos mesmos é um tema profundo e actual, mas a forma como é espremido nesta obra retira-lhe a essência, complica-a e esconde-a, ficando aquém do esperado.

Nota: 2