Apetece-me caminhar desvairado pelas ruas desta aldeia urbana, testemunha do abandono constante e da miséria da carne. Apetece-me palmilhar as sete partidas, ou mesmo as sete colinas. Apetece-me fugir pelas vielas ensopadas da chuva de Novembro e andar, andar, andar, voar. Ao encontro de estranhos solitários, marinheiros, estrelas de teatro de revista, jovens meretrizes, jogadores de xadrez profissionais, peões e cavaleiros.
Começo por descer a rua bem devagar, sem plano delineado, sem esperanças, uma vontade de rir e de chorar. Uma vontade de caminhar até mais não conseguir andar. Sapatos caros e desfeitos de tanto andar. Pequeno-almoço junto ao rio, ovos cozidos e cerveja económica. Solidão de barriga cheia.
Descanso e penso mais um pouco. Descanso ainda mais e observo os poucos transeuntes. Podemos definir camadas sociais pelos horários laborais. Só com base nos horários. Às seis da matina vejo pobres, mas às dez da manhã vejo ricos.
Levanto-me quando começo a sentir frio e vou comprar o jornal a um desses quiosques perdidos. Acordo finalmente para a realidade produzida e brilhantemente realizada das notícias cruas do mundo. Dá-me vontade de rir. Apetece-me vomitar….Começo a tossir de forma convulsiva. Tenho que sair deste lugar. Levanto-me de um só trago, de uma só conquista. Vou ganhando espaço e confiança.
Penso nas experiências vividas naquelas catedrais de vício e despeço-me delas com dor no espírito. Fico com vontade de mergulhar em água benta.
Bolso de forma violenta contra a parede e espirro consecutivamente. Estou a chegar ao limite das forças e acabou-se o pó. Não tenho tabaco e cheiro a vómito. Tenho saudades de casa e do que é comum. Preciso de dormir. Preciso de descansar e sonhar com mulheres nuas.
Começo por descer a rua bem devagar, sem plano delineado, sem esperanças, uma vontade de rir e de chorar. Uma vontade de caminhar até mais não conseguir andar. Sapatos caros e desfeitos de tanto andar. Pequeno-almoço junto ao rio, ovos cozidos e cerveja económica. Solidão de barriga cheia.
Descanso e penso mais um pouco. Descanso ainda mais e observo os poucos transeuntes. Podemos definir camadas sociais pelos horários laborais. Só com base nos horários. Às seis da matina vejo pobres, mas às dez da manhã vejo ricos.
Levanto-me quando começo a sentir frio e vou comprar o jornal a um desses quiosques perdidos. Acordo finalmente para a realidade produzida e brilhantemente realizada das notícias cruas do mundo. Dá-me vontade de rir. Apetece-me vomitar….Começo a tossir de forma convulsiva. Tenho que sair deste lugar. Levanto-me de um só trago, de uma só conquista. Vou ganhando espaço e confiança.
Penso nas experiências vividas naquelas catedrais de vício e despeço-me delas com dor no espírito. Fico com vontade de mergulhar em água benta.
Bolso de forma violenta contra a parede e espirro consecutivamente. Estou a chegar ao limite das forças e acabou-se o pó. Não tenho tabaco e cheiro a vómito. Tenho saudades de casa e do que é comum. Preciso de dormir. Preciso de descansar e sonhar com mulheres nuas.
Ando lentamente para a praça de táxis junto ao velho cinema e suspiro a morada para o motorista. Este é dos silenciosos. Fecho os olhos e fico ali, na vigília, ignorante, inocente e ausente. Parado no tempo e nos espaços. Vou sendo interrompido pela rádio táxis e a voz metálica da operadora. Chego à porta de casa, pago educadamente e dou gorjeta. Não me quero afundar em moedas. O dinheiro diz-me pouco, mas não consigo viver sem ele. O elevador está avariado. Nove andares de ressaca até à terra prometida. Os lençóis sujos da minha cama de solteiro.
Sento-me nas escadas frias. Esqueço as figuras de estilo e adormeço sem luar.
Vicio II by MQ
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