De romance a grande romance vai uma distância gigante. Apenas os mestres ou os grandes génios da literatura conseguem conceber duma só vez um livro para a eternidade.
Ernest Miller Hemingway é um exemplo dessa grandiosidade e magia e, por muito mal amado e criticado que tenha sido como homem, deixará uma obra singular como escritor para as gerações futuras.
“Across the River and into the Trees” é infeliz e estupidamente um dos livros mais criticados de Papa Hemingway, no entanto, após duas tardes bem passadas na sua companhia, achei impossível não admirar a pureza e crueza da sua escrita. Ontem, hoje e amanhã.
Uma dessas tardes foi há onze anos atrás, em pleno verão. Uma esplanada, logo a seguir ao almoço, sol escaldante e gin tónico. Algumas horas depois fechei o livro, olhei fixamente um ponto perdido no meu horizonte, deixei-me levar pela brisa do fim de tarde e sonhei com Veneza.
Há duas semanas atrás, a curar o cansaço de uma semana de trabalho, decidi reler este romance (nunca vou conseguir explicar porquê). Desta vez na esplanada da Mexicana, num Sábado à tarde, onde me perdi de novo a recordar e folhear as páginas que descrevem as últimas horas da vida do Coronel Richard Cantwell. Como se fosse a primeira vez.
Quando terminei a jornada de reler esta obra prima maldita e injustiçada apeteceu-me deitar-me num trilho de terra batida e adormecer, esquecer-me de tudo, em paz, na outra margem, entre as árvores.
Sem comentários:
Enviar um comentário